01. Primeiro alistamento de emigrantes para o Brasil
Em novembro de 1907, a KOKOKU SHOKUMIN KAISHA (Companhia Imperial de Colonização) que era uma empresa de emigração em ascensão vê a possibilidade de emigrar ao Brasil, assinando um acordo com o alto oficialato do Estado de São Paulo para transportar mil famílias migrantes por ano. O lado brasileiro exigiu que fosse imigração em família esperando que se fixassem nas fazendas por um longo período e não um trabalho temporário para que retornassem logo. Também havia uma condição de que chegassem ao Brasil até maio, que é a época da colheita do café.
A Companhia de Migração do Império obteve permissão do Ministério dos Negócios Exteriores em fevereiro de 1908, iniciando então o processo de inscrição para emigração, porém já sendo impossível a chegada em maio, obtiveram o consentimento do Estado de São Paulo para adiar a chegada para junho e buscaram a inscrição de mil pessoas às pressas.
A busca por emigrantes se concentrou na província de Okinawa por terem experiência na agricultura subtropical, o clima parecido com São Paulo, a experiência em enviar emigrantes ao exterior entre outros.
Segundo um artigo de jornal, a partida do Porto de Naha estava prevista para ser por volta do dia 8 de abril, mas pelo anúncio de busca de emigrantes publicado no dia 29 de março, podemos notar havia menos interessados que o previsto.
O Guia de inscrição para emigração da Companhia de Migração do Império
O conteúdo do guia de inscrição dizia que o custo da viagem era por conta própria, mas era uma boa condição. Especialmente pelo salário "com a diária de um iene e vinte centavos, uma família de 3 pessoas poderá guardar três ienes e sessenta centavos todos os dias. " e "depois de 3 anos, poderão comprar o terreno", eram as belas promessas vazias que falavam. Para o salário da época era de um nível extremamente alto, espalhando que no Brasil o café fosse algo como uma árvore que dá ouro, possibilitando realizar o sonho de retornarem ricos a Okinawa em pouco tempo.
Tipo de trabalho | Cultivo, colheita, seleção, secagem etc do café |
---|---|
Prazo do contrato | Cerca de meio ano (até o final de uma colheita de café) |
Horário de trabalho | Firmar acordo antes do início do trabalho, segundo a legislação e os costumes brasileiros |
Folga | Aos domingos, no 1 de janeiro, 3 de novembro e datas comemorativas do Brasil |
Salário | 1. No caso de diária: 2 mil a 2 mil e quinhentos réis (entre um iene e vinte centavos e um iene e cinquenta centavos) 2. No caso de empreitada: entre 450 e 500 mil réis (30 centavos de iene) por saco de café |
Moradia | Moradia do mesmo nível que dos emigrantes europeus provido gratuitamente nas fazendas. Em sua maioria são casas de tijolo com um andar, sem inconveniência com transporte e água. |
Custo da viagem | Ida e volta por conta do emigrante. Porém, parte será subsidiada pelo Governo do Estado de São Paulo. 40% do subsídio deverá ser reembolsado ao dono da fazenda |
Qualificações para emigrar | Maior que 12 e menor que 45 anos. Relação familiar centrada num casal com entre 3 a 10 pessoas |
Salário de 1910 como referência
Diária | Salário mensal | |
---|---|---|
Bóia-fria diarista | Cerca de 20 centavos de iene | Cerca de 5 ienes |
Carpinteiro | Cerca de 60 centavos de iene | Cerca de 15 ienes |
Professora de escola primária | - - - | Cerca de 13 ienes |
Policial | - - - | Cerca de 14 ienes |
Salário do emigrante ao Brasil | Acima de 1 iene e 20 centavos | Acima de 30 ienes |
02. Custos relacionados à emigração
ra necessária uma grande quantia de capital próprio para emigrar ao Brasil. Apesar do subsídio à viagem oferecido pelo governo do estado de São Paulo, dizem que eram necessários um pouco mais de 150 ienes para uma pessoa e cerca de 500 ienes no mínimo por família (3 pessoas). Quinhentos ienes na época era o valor que os emigrantes ao Havaí levavam de volta [a Okinawa] após trabalhar 3 anos em uma Plantation de cana-de-açúcar, economizando e comendo mal de forma extrema. Portanto, aqueles que tinham condição de emigrar ao Brasil tinham certa renda entre as pessoas do mesmo povoado, acima da classe média.
Mesmo assim, a maioria dos emigrantes arrumavam o dinheiro da viagem seja vendendo ou hipotecando suas terras se endividando com os WĒKĪYĀ (rico), ou tomando adiantado sua parte no MUĒ (também conhecido como TANOMOSHI, associação de financiamento mútuo). Ou seja, os emigrantes estavam endividados e estavam numa situação em que deveriam enviar dinheiro ao Japão desde o primeiro dia de sua chegada.
Capital que o emigrante deveria preparar (por pessoa)
Ajuda de custo da viagem | Cerca de 20 ienes |
---|---|
Custo do selo da viagem | 1 iene |
Taxa de mediação da viagem | 25 ienes |
Tarifa do navio até o Porto de Santos | 60 ienes ※1 |
Taxas de quarentena, esterilização, vacinação etc | 2 ienes e 75 centavos |
Taxas da barcaça e transporte das malas | Cerca de 50 centavos de iene |
Taxa de acomodação no local de embarque | Cerca de 3 ienes |
Dinheiro em mãos | 20 ienes |
Tarifa do navio de Naha até Kobe | 12 ienes ※2 |
Total | 144 ienes e 25 centavos |
CHUKUI KAZOKU
Os requisitos para emigrar eram "idade acima de 12 anos e menor de 45 anos" e "família com mais de 3 e menos de 10 pessoas centrados num casal".
Os emigrantes, no intuito de retornarem vitoriosos logo, formaram CHUKUI KAZOKU (família arranjada) para juntar dinheiro mais rápido.
Homens jovens, como irmãos, sobrinhos, tios e primos se juntavam ao casal e o número de homens e mulheres era muito desproporcional, sendo que a porcentagem de crianças que não eram força de trabalho era muito menor. Havia também casos de mentir, dizendo que sua irmã era sua esposa, formando CHUKUI KAZOKU com completos estranhos sem relação sanguínea ou até mesmo de povoados distintos.
Porém, isso não foi um caso peculiar de Okinawa, sendo observado igualmente nos emigrantes do KASATO-MARU de outras províncias como de Kagoshima.
Na entrevista, Kamé OSHIRO atestou que "havia familiares que conheci pela primeira vez no porto de Naha".
CHUKUI KAZOKU de Koki OSHIRO
Nome | Relação familiar | Idade (1908) |
---|---|---|
Koki OSHIRO | Chefe da família | 19 anos |
Kame OSHIRO | Esposa | 17 anos |
Choshin HOKAMA | Primo | 25 anos |
Kana OSHIRO | Primo | 14 anos |
Kamado OSHIRO | Primo da esposa | 24 anos |
Kame ARAKAKI | Sobrinho | 17 anos |
Kosai GIBO | Tio | 33 anos |
Yasukichi OSHIRO | Tio da esposa | 35 anos |
Seikichi KANASHIRO | Sobrinho da esposa | 15 anos |
Seishi KANASHIRO | Tio da esposa | 37 anos |
03. Os motivos para a emigração
Os motivos da emigração variam de pessoa para pessoa, com a sobreposição de forma complexa de diversos elementos. No início do século 20, o governo japonês implementou um programa de loteamento como parte da política de modernização, que destruiu o sistema particular de Okinawa (a posse compartilhada) e permitiu a posse individual das terras. Então, os camponeses não ficaram mais amarrados às terras, tornando possível a locomoção para qualquer outro lugar. E com a venda de suas terras, tornou-se possível arrumar grandes quantias monetárias para custear a viagem. A população da província de Okinawa da época havia crescido rapidamente. A população da província de Okinawa que era de 160 mil pessoas em 1874, triplicou para 480 mil pessoas em 1903. Com pouco espaço e severas condições naturais como os tufões, além excessivos impostos, as comunidades rurais enfraqueceram, não conseguindo dar conta do crescimento populacional e a vida num estado de pobreza extrema
Nestas condições, começa a emigração para o Havaí em 1900, se espalhando pela América do Norte, México, Filipinas, Peru e outras regiões graças aos esforços de Kyuzo TOYAMA, o pai da emigração okinawana. Grandes quantias foram enviadas do exterior e os retornados da emigração que estavam construindo casas novas com telhas, começando novos negócios com o capital que acumularam, passam a chamar a atenção, soprando cada vez mais forte os ventos para que se lançassem ao exterior, cheios de ambição.
MAlém disso, como enquanto estivessem no exterior a prestação do serviço militar era suspensa, havia entre os jovens das classes abastadas o desejo de escapar do serviço militar. Dois primos de Koki OSHIRO haviam falecido na Guerra Russo-Japonesa. Seus pais e familiares, preocupados com seu porte físico, aconselham-no a emigrar. O casal, tanto Koki como Kamé eram das famílias mais abastadas do povoado e, graças aos familiares, conseguiram custear a viagem sem contrair dívidas, contou Kamé na estrevista.



04. Emigrantes do KASATO-MARU
Em abril de 1908, 47 famílias, 325 pessoas, embarcaram no navio regular KANAZAWA-MARU (da KAGOSHIMA YUSEN), que vai do porto de Naha ao porto de Kobe, para chegarem a tempo da partida de KASATO-MARU que saia para o Brasil.
No dia 28 do mesmo mês, o navio KASATO-MARU, com 158 famílias, os primeiros 781 emigrantes ao Brasil, a bordo partiu do porto de Kobe rumo a Santos (Brasil). O atraso de 10 dias do previsto ocorreu devido a KOKOKU SHOKUMIN KAISHA (Companhia Imperial de Colonização) não ter conseguido arrumar os cem mil ienes da garantia pela permissão de exportação dos migrantes junto ao Ministério dos Negócios Exteriores. A companhia guardou temporariamente o dinheiro que os emigrantes tinham em mãos, alegando que havia o risco de serem roubados no navio, e parte desse montante foi destinado para essa garantia, conseguindo então permissão para partir.



05. O Sanshin e o Festival da Linha do Equador
No quarto dia após partir do porto de Kobe, quando KASATO-MARU se aproximava das ilhas de Okinawa, as ondas ficaram mais altas e se depararam com um aguaceiro. Em meio a chuva que não parava, soava a melodia do sanshin dos quartos dos emigrantes okinawanos, que cantavam tristes músicas de Okinawa, como estivessem se despedindo.
No vigésimo sétimo dia, realizaram o Festival da Linha do Equador quando cruzaram a linha do equador na baía da península da Malásia. O interior do navio estava agitado preparando o banquete e no final da tarde os emigrantes estavam apresentando as artes de suas regiões de origem. A trupe estava animada com vários números como a valente e animada dança do caratê ao som do sanshin, a dança de Satsuma, shamisen, canção de Soma, shakuhachi, recitação de poemas e desfile de fantasias, estavam agitados esperançosos pelo futuro. Essa noite, segundo os registros, quando o marinheiro avisou "O KASATO-MARU está cruzando a linha do equador neste momento", todos ficaram tensos e acabaram encerrando a festa. As salas da terceira classe, nas quais os emigrantes do KASATO-MARU passam cerca de um mês e meio grandes quartos de madeira com vários beliches enfileirados. A alimentação no navio era comida japonesa com arroz misturado com cereais, peixe e conserva, tendo esporadicamente a calda de soja fermentada. Os emigrantes levavam a refeição para seus respectivos quartos para lá, em suas camas ou no assoalho, comerem.
06. Rota marítima ocidental atravessando o Oceano Atlântico

KASATO-MARU prosseguiu sem problemas pela rota ocidental que passa pelo Mar da China Oriental, Mar da China Meridional, Oceano Índico e Oceano Atlântico, viajando ao todo 11.700 milhas náuticas (12.668 quilômetros). As paradas só foram feitas nos portos de Singapura e Cidade do Cabo para abastecimento, não permitindo o desembarque dos passageiros por temerem que se perdessem e não retornassem ao navio.
Após navegar durante 52 dias, KASATO-MARU chega ao porto de Santos (Brasil) no dia 18 de junho de 1908. O que primeiro lhes chamou a atenção no continente sul-americano após atravessar o mar foram as magníficas montanhas e um único farol branco. Um pouco depois da madrugada desse dia, enfim surgia a imagem do grande porto de Santos e as pessoas se empolgaram com os fogos de artifício que coloria o céu noturno. Na manhã seguinte, o céu estava limpo e os emigrantes do KASATO-MARU desembarcaram em terras brasileiras com uma bandeirola do Brasil em suas mãos.
Os fogos de artifício que os emigrantes do KASATO-MARU viram na noite de sua chegada não eram para recebê-los, mas de um festival brasileiro chamado Festa de São João. A história da emoção e seriedade com que Shinjiro SHIROMA dava as instruções ao povo reunido no convés ainda hoje é contada. Da adolescência à fase adulta, SHIROMA se dedicou à educação dos jovens e este episódio transmite o quão rigoroso e honesto era, tornando-se num dos pioneiros da emigração okinawana.
07. Representante de Okinawa dos emigrantes KASATO-MARU
SShinjiro SHIROMA, natural de Nakagusuku-son, havia embarcado no KASATO-MARU como representante dos emigrantes okinawanos. SHIROMA, que exerceu o magistério e foi diretor substituto após se formar na Escola Normal de Okinawa, foi alocado na Fazenda Floresta, trabalhando como trabalhador rural, o qual não estava habituado. Mais tarde, participou das obras da construção da Ferrovia Noroeste, liderando muitos okinawanos, e em 1917, administrou um hotel na cidade de São Paulo. SHIROMA sempre orientou os emigrantes okinawanos que chegavam ao Brasil e não mediu esforços para resolver as inúmeras e difíceis dificuldades.


MACHI UCHISHI SANI NU/ HAENA UCHUMI/ (A semente plantada, há de germinar) RYUKA (Poema e Ryukyu): Shinjiro SHIROMA
※HAENAUCHUMI: Como pode não germinar, com certeza germinará Dizem que profetizou a emigração ao Brasil com o tom desta expressão
08. Primeiros emigrantes de Okinawa ao Brasil
Ao observar os dados estatísticos dos primeiros emigrantes japoneses ao Brasil, a província de Okinawa ocupa a maior parte com 42% dos emigrantes, sendo seguido pelas províncias de Kagoshima e Kumamoto. Em Okinawa, as regiões como Haebaru-son, Nakagusuku-son e Misato-son enviaram mais emigrantes ao Brasil. O motivo de haver muitos emigrantes da província de Okinawa ao Brasil é pelo fato da KOKOKU SHOKUMIN KAISHA (Companhia Imperial de Colonização) ter se concentrado em buscar emigrantes nesta província e devido ao Acordo entre Cavalheiros de 1908 firmado entre o Japão e os Estados unidos, limitando uma nova emigração ao Havaí e a região continental dos EUA. Kamé OSHIRO, a emigrante do KASATO-MARU, diz que inicialmente pretendia ir ao Havaí, e não ao Brasil. Daquele ano até 1940 ocorreram duas limitações da viagem dos okinawanos e um total de 187.186 emigrantes japoneses entraram no Brasil, cerca de 200 mil japoneses residiam no Brasil em 1940, sendo que os emigrantes okinawanos chegavam a 16.287 pessoas.
Local de origem dos primeiros emigrantes okinawanos ao Brasil - Número de emigrantes por município, número de famílias e por gênero
Municípios | Membros da família | Homens | Mulheres | Total | ||
---|---|---|---|---|---|---|
Gun (Distrito) | Em 1908 | Atualmente | ||||
Kunigami-gun | Hanedi-son | Nago | 1 | 9 | 1 | 10 |
Nakijin-son | Nakijin-son | 2 | 12 | 2 | 14 | |
Motobu-son | Motobu-cho | 2 | 14 | 2 | 16 | |
Nago | Nago | 2 | 15 | 2 | 17 | |
Kushi-son | Nago | 1 | 5 | 1 | 6 | |
Kunigami-son | Kunigami-son | 0 | 2 | 0 | 2 | |
Iheya-son | Iheya-son | 0 | 2 | 0 | 2 | |
Oogimi-son | Oogimi-son | 0 | 2 | 0 | 2 | |
Nakagami-gun | Misato-son | Okinawa | 8 | 28 | 7 | 35 |
Katsuren-son | Uruma | 1 | 5 | 1 | 6 | |
Chatan-son | Chatan-cho | 2 | 5 | 2 | 7 | |
Nakagusuku-son | Nakagusuku-son | 7 | 33 | 7 | 40 | |
Nishihara-son | Nishihara-cho | 6 | 22 | 7 | 29 | |
Yomitan-son | Yomitan-son | 0 | 12 | 0 | 12 | |
Ginowan-son | Ginowan | 0 | 8 | 0 | 8 | |
Gushikawa-son | Uruma | 0 | 11 | 0 | 11 | |
Naha | Naha | Naha | 1 | 9 | 1 | 10 |
Shimajiri-gun | Mawashi-son | Mawashi-son | 1 | 2 | 1 | 3 |
Tomigusuku-son | Tomigusuku | 3 | 20 | 4 | 24 | |
Tamagusuku-son | Nanjo | 1 | 3 | 1 | 4 | |
Oozato-son | Nanjo | 1 | 16 | 1 | 17 | |
Gushikawa-son | Kumejima-cho | 1 | 4 | 1 | 5 | |
Haebaru-son | Haebaru-cho | 7 | 37 | 8 | 45 | |
47 | 276 | 49 | 325 |
Primeira emigração do Japão por província de origem
Emigrantes homens e mulheres ao Brasil(1908))
Por província | Homens | Mulheres | Total |
---|---|---|---|
Okinawa | 276 | 49 | 325 |
Kagoshima | 127 | 45 | 172 |
Kumamoto | 51 | 27 | 78 |
Fukushima | 53 | 24 | 77 |
Hiroshima | 32 | 10 | 42 |
Yamaguchi | 18 | 12 | 30 |
Ehime | 14 | 7 | 21 |
Kochi | 14 | - - - | 14 |
Miyagi | 7 | 3 | 10 |
Niigata | 6 | 3 | 9 |
Tokyo | 2 | 1 | 3 |
Total | 600 | 181 | 781 |

Os emigrantes okinawanos no Brasil
Os emigrantes okinawanos no Brasil
A província de Okinawa que enviou os primeiros 325 emigrantes ao Brasil em 1908. Depois, com uma interrupção de 3 anos, a segunda leva de 421 pessoas vai ao Brasil em 1912, mas o governo japonês proíbe a emigração por 4 anos devido ao péssimo nível de fixação. Enviando 2.138 pessoas em 1917 e 2.204 pessoas em 1918, mas com nova proibição por 7 anos. Dando novo início às viagens em 1926, mas limitada a algumas condições e em 1936, todas as restrições de viagem são retiradas.
09. A Hospedaria dos Imigrantes de São Paulo e as fazendas
Os emigrantes do KASATO-MARU que desceram no cais do Armazém 14 do Porto de Santos seguiram de trem rumo à Hospedaria dos Imigrante de São Paulo. Lá faziam os preparativos para seguir às fazendas, sendo inspecionados pela alfândega e fazendo compras. Nos jornais locais, havia artigos avaliando muito bem os emigrantes japoneses como pela ordem, higiene das roupas e corpo robusto apesar da baixa estatura. Entre 26 de junho a 6 de julho, os emigrantes do KASATO-MARU foram alocados como colonos, junto dos tradutores, nas 6 grandes fazendas: Canaã, Floresta, São Martinho, Guatapará, Dumont e Sobrado. As fazendas foram divididas por região de origem e foram para a Fazenda Canaã somente os okinawanos originários da região de Nakagami (região central da ilha) e para a Fazenda Floresta somente os okinawanos originários de Shimajiri (região sul da ilha) e Kunigami (região norte da ilha).



10. A vida e a pobreza na Fazenda Floresta
Os emigrantes que chegaram à fazenda se dedicaram à atividade agrícola da plantação de café, trabalhando sem descanso, do nascer ao pôr do sol. Já de manhã cedo, homens e mulheres usavam escadas, derriçando os frutos de café dos galhos com suas próprias mãos e os deixando cair num grande pano onde são juntados. Retira-se as folhas e sujeira abanando bem alto nas peneiras. O fruto colhido após ser medido e ensacado era levado no carrinho de mão ou na carroça até o local para secagem
Os emigrantes receberam tratamento análogo ao de escravo pelos fazendeiros e seus capatazes. A obediência às regras e a vigilância, por vezes através da violência, forçou-se a submissão aos fazendeiros. Para comprar utensílios de necessidade diária não havia outro meio senão comprar da venda, ligada diretamente com o fazendeiro, por preços ilegais, não havendo como guardar dinheiro mesmo que trabalhando duro.
A questão da não devolução do dinheiro dos emigrantes também influenciou bastante. A Companhia Imperial de Colonização recolheu dinheiro dos emigrantes, inclusive dos okinawanos, como algo temporário, mas o dinheiro não foi devolvido nem na hospedaria do imigrante nem nas fazendas, apertando ainda mais a vida deles.


Como o pé de café levava cerca de 3 anos para dar frutos a partir da muda, a má colheita devido ao mau tempo e as enchentes do rio trouxeram grande insegurança à vida dos emigrantes.
11. Caindo no conto do vigário
A quantidade real do café colhido nas fazendas era um quarto do anunciado pela Companhia Imperial de Colonização, e os emigrantes que acreditaram na história da "árvore que dá ouro" foram traídos. Diziam que uma pessoa fazia de 5 a 6 sacas por dia e uma família (de 3 pessoas) tirava 135 ienes por mês, mas na realidade se fazia 1,5 sacas por dia e uma família só tirava cerca de 34 ienes mensais.
Muitos deles acabaram se endividando para conseguir o dinheiro para a viagem, necessitando devolver o dinheiro o quanto antes para não causar problemas a seus pais, irmãos e parentes.

- Fonte: BURAJIRU OKINAWA KENJIN IMINSHI KASATO-MARU KARA 90 NEN (Imigração Okinawana no Brasil - 90 anos desde KASATO-MARU)

- Fonte: BURAJIRU OKINAWA KENJIN IMINSHI KASATO-MARU KARA 90 NEN (Imigração Okinawana no Brasil - 90 anos desde KASATO-MARU)

- Fonte: BURAJIRU OKINAWA KENJIN IMINSHI KASATO-MARU KARA 90 NEN (Imigração Okinawana no Brasil - 90 anos desde KASATO-MARU)

- Fonte: BURAJIRU OKINAWA KENJIN IMINSHI KASATO-MARU KARA 90 NEN (Imigração Okinawana no Brasil - 90 anos desde KASATO-MARU)
12. Fuga e mudança de fazenda
Para que pudessem enviar dinheiro o quanto antes para sua terra natal, onde as pessoas ajudaram a conseguir o dinheiro para a viagem, sem esperar o prazo do contrato (meio ano ou um ano) fugiam das fazendas, se mudando para Santos, onde poderiam trabalhar como estivadores, com uma renda maior. Foram 6 famílias, 31 pessoas, dos emigrantes do KASATO-MARU que primeiro fugiram da Fazenda Canaã os primeiros okinawanos a se estabelecerem em Santos. Os estivadores eram chamados de trabalhadores das docas, se dedicando a carregar os sacos de café de 60kg, sendo uma importante mão-de-obra que sustentava o comércio brasileiro
O motivo para que os emigrantes do KASATO-MARU terem se juntado um após o outro em Santos pode ser por terem conseguido pelos que fugiram antes a informação de trabalho de melhor remuneração e pensassem na possibilidade de retornarem um dia a Okinawa. Para eles, Santos era o lugar mais próximo de sua terra natal Okinawa na distante terra do Brasil. Depois, buscando por melhores trabalhos, mais da metade dos emigrantes okinawanos do KASATO-MARU se mudou para a Argentina. Porém, os trabalhos de boas condições eram poucos e muitos emigraram novamente ao Brasil, vivendo de mudanças.



13. A linha noroeste que abriu o caminho para a vida

Uma das coisas que abriu o caminho para a vida dos emigrantes que estavam migrando constantemente foi a obra da ferrovia Noroeste que interligava Porto Esperança (oeste) a Três Lagoas (leste) do Estado de Mato Grosso. Os trabalhadores das ferrovias, comparados à mão de obra das fazendas de café, recebiam um soldo muito maior de 5 mil réis (equivalente a 3 ienes e 6 centavos).
A obra de construção da ferrovia (cerca de 450 km de comprimento) que começou em 1908 foi promovida como uma competição para ver quem chegaria primeiro em Campo Grande que ficava no meio das pontas leste e oeste. A ferrovia que interliga o Brasil com a Bolívia cruzando o continente era um grande projeto que abriria uma nova rota de transporte continental. A inauguração da obra da ferrovia noroeste, que pode ser chamada de política nacional brasileira, foi realizada grandiosamente no Porto de Esperança, o ponto inicial do lado ocidental.
Os okinawanos emigrantes do KASATO-MARU que participaram das obras de construção da ferrovia noroeste chegava a 75 pessoas. A eles se juntaram mais 40 pessoas, okinawanos e outros japoneses como da província de Kagoshima e japoneses que migraram do Peru, e dizem que mais de 100 emigrantes japoneses participaram das obras da ferrovia.


14. Os operários da linha noroeste
TA medição da região dos trilhos, abrir picadas na mata (desbravamento), terraplenagem, instalação das dormentes, assentamento dos trilhos, fixação dos dormentes e trilhos, enchimento com terra nas dormentes e aplanar a terra são as etapas da obra da construção da ferrovia. As dormentes trazidas pelos trens eram carregadas em dupla e alinhadas no trajeto da linha com 1 metro de distância entre as dormentes.
O operário da construção da estrada de ferro tinha um trabalho muito duro. Construir a ferrovia por vezes sofrendo ataques de enxames de mosquitos, desbravando a floresta nativa onde se escondem animais selvagens ferozes e cobras venenosas, enchendo terra em áreas pantanosas a ponto de ficarem mergulhados na água até a cintura, as dificuldades da obra continuaram.
Os trabalhadores da ferrovia não puderam receber tratamento adequado mesmo adoecendo por viverem em constante mudança junto do acampamento que avançava conforme as obras. Por essa razão, cerca de vinte emigrantes do KASATO-MARU faleceram como por malária. Muitas esposas participaram da obra e pelo pesado ambiente de trabalho, ocorreram casos tristes delas perderem os bebês.

Coleção do PROJETO MUSEU FERROVIARIO REGIONAL DE BAURU

Coleção do PROJETO MUSEU FERROVIARIO REGIONAL DE BAURU

15. Os uchinanchus que participaram da obra da Estrada de Ferro Noroeste
Muitos emigrantes okinawanos participaram da obra da construção da Estrada de Ferro noroeste. Os 73 emigrantes do KASATO-MARU (originários de Okinawa e Kagoshima) liderados por Koki OSHIRO que migraram da fazenda desceram o Oceano Atlântico para o sul, passando por Buenos Aires e subiram o Rio Paraguai rumo a Porto Esperança, a base ocidental. Os migrantes que chegavam do distante Peru, atravessando os Andes, também vieram por ela de Buenos Aires. Em Três Lagoas, a base oriental, Shinjiro SHIROMA e 45 emigrantes okinawanos se ajuntaram.
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OSHIRO Kamé
de Tomigusuku-son★ -
OSHIRO Koki
de Tomigusuku-son★ -
OSHIRO KANA [Eikichi]
de Tomigusuku-son★ -
OSHIRO Kamado
de Tomigusuku-son★ -
OSHIRO Uto
de Tomigusuku-son★ -
OSHIRO Ryoso
de Tomigusuku-son★ -
HOKAMA Kame
de Tomigusuku-son★ -
HOKAMA Mito
de Tomigusuku-son★ -
ARAKAKI Bisaburo
de Haebaru-son★ -
ARAKAKI Kame
de Haebaru-son★ -
YOZA Keisaburo
de Haebaru-son★ -
SHIROMA Tetsuo
de Haebaru-son★ -
SHIROMA Saichiro
de Haebaru-son★ -
HIGA Tyutyoku
de Ozato-son★ -
CHINEN Goro
de Ozato-son★ -
TERUYA Kama
de Ozato-son★ -
SHIMABUKURO Kama [Nabe]
de Misato-son★ -
CHINEN Matsu
de Misato-son★ -
HIGA Tokumatsu
de Nakagusuku-son★ -
HIGA Ushi
de Nakagusuku-son★ -
MIYAHIRA Matsu
de Chatan-son★ -
IKEHARA Jiro
de Yomitan-son★ -
TABA Ushi
de Nishihara-son★ -
KOHAGURA Gen
de Ginowan-son★ -
ZAHA Seiken
de Motobu-son★ -
NAKAHODO Sengoro
de Motobu-son★ -
YONAMINE Jingoro
de Nakijin-son★ -
ARAKAKI [TAMASATO] Muta
de Haebaru-son★ -
AKAMINE Kame
de Tomigusuku-son■ -
YAMASHIRO Kosho
de Kyan-son◆ -
MIYAHIRA Itiei
de Haneji-son◆ -
NAKAO Gonsiro
Haneji-son◆ -
GUENKA Yokichi
de Haneji-son◆※ -
SHIROMA Kasuke
de Kunigami-son◆ -
Fonte: ZAIHAKU OKINAWA KENJIN GOJUNEN NO AYUMI (História dos 50 anos dos okinawanos no Brasil) , Terra de Esperança Kibo no Daitsi, BURAJIRU NIHON IMIN 100NEN NO KISEKI (A trajetória de 100 anos dos emigrantes japoneses no Brasil), MIRAI HE TSUGU EISON (Os descendentes que continuam para o futuro), 325 Okinawanos do Kasato Maru (suplemento da obra SHASHIN DE MIRU BURAJIRU OKINAWA KENJIN NO REKISHI: 1 século de História em Fotos) ★=KASATO-MARU (1ª leva de emigrantes) ■=KANAGAWA-MARU(3ª leva de emigrantes) ◆=Migração do Peru ★※Coleção de Sonoko AKAMINE ◆※Coleção dos descendentes de Yokichi GUENKA
16. A finalização da Estrada de Ferro Noroeste
A construção da estrada de ferro noroeste que começou em 1908 pelo ocidente e pelo oriente tem finalmente a interligação Leste-Oeste finalizado a cerca de 30 km a oeste da cidade de Campo Grande no dia 31 de agosto de 1914, em seu sétimo ano.
O último local onde foi instalada a barra de trilho foi batizado de Estação Ligação e a locomotiva a vapor chamada carinhosamente de Maria Fumaça passou a operar.
Nas redondezas de Campo Grande, por haver muitas terras férteis e baratas, surgiram pessoas que com o capital acumulado com o trabalho da ferrovia alugando/comprando as terras começaram a agricultura. Dentre os trabalhadores da obra da ferrovia que eram forçados a se mudar conforme se expandia a ferrovia, aqueles que encontravam uma saída para se estabelecer desbravaram as terras unindo as forças e foram construindo uma colônia.
Das colônias desbravadas pelos emigrantes okinawanos nas proximidades de Campo Grande haviam Mata do Segredo, Bandeira, Imbirussu, Mata do Ceroula, Rincão entre outros e haviam pessoas que trabalhavam como Koki OSHIRO em área relacionada com a estrada de ferro (chefe dos operários, maquinista de trem, empreiteira de construção, marcenaria etc.), surgindo pessoas que se estabelecendo no centro urbano, se dedicaram ao comércio e lavanderia, buscando novas possibilidades na agricultura e no comércio, diferente da pecuária, desenvolvendo rapidamente Campo Grande.

- Fonte: SHASHIN DE MIRU BURAJIRU OKINAWA KENJIN IMIN NO REKISHI (1 século de História em Fotos) Abaixo) Logo da Estrada de Ferro Noroeste Brasil @ Estrada de Ferro Noroeste do Brasil

- Fonte: SHASHIN DE MIRU BURAJIRU OKINAWA KENJIN IMIN NO REKISHI (1 século de História em Fotos) Abaixo) Logo da Estrada de Ferro Noroeste Brasil @ Estrada de Ferro Noroeste do Brasil

Estrada de Ferro Noroeste do Brasil
A Estrada de Ferro Noroeste, como diz a palavra, sua linha principal sai da Estação Corumbá da fronteira com a Bolívia até o interior do Estado de São Paulo na estação Bauru. A Estação Bauru se desenvolveu como um dos principais entroncamentos ferroviários do país. Parte da ferrovia foi descontinuada, mas a locomotiva Maria Fumaça pode ser vista na forma de trem turístico.
17. A Colônia Japonesa e a terra roxa
O solo avermelhado propício para o cultivo do café é chamado Terra Roxa no Brasil. Roxo indica a cor roxa, sendo que quando a terra se molha com a chuva, o vermelho fica mais intenso e brilha.
O término da ferrovia noroeste transformou os tempos em que se transportavam as pessoas e suprimentos de barco, desenvolvendo rapidamente ao longo da linha do tem.
A partir de 1920, as terras ao longo da ferrovia noroeste foram vendidas em lotes e muitos emigrantes okinawanos se estabeleceram como fazendeiros de café, algodão ou alugando ou em suas próprias terras.
Em 1933, havia muitos okinawanos morando nas regiões das estações Lins (164 famílias), Promissão (155 famílias), Bauru (52 famílias), Cafelândia (47 famílias) entre outras. Especialmente na região da estação Lins, 71 famílias de emigrantes okinawanos se juntaram no bairro Aliança do 2o Núcleo Colonial Uetsuka, tornando-se uma das maiores comunidades okinawanas a puxarem as atividades artísticas okinawanas do Brasil.






18. Os emigrantes ao Brasil e a segunda guerra mundial (pré e pós-guerra)
Com a eclosão da segunda guerra mundial, os emigrantes japoneses no Brasil, assim como nos EUA e no Peru, sofreram por serem de uma nação inimiga. Porém, comparado a outros países, a maioria era de vitoristas (KACHIGUMI) que não duvidavam da vitória japonesa mesmo após a rendição japonesa e ocorreram casos de derramamento de sangue dos patrícios japoneses derrotistas (MAKEGUMI) e fraudes, uma grande confusão.
Limitação da liberdade da população de nação inimiga
Quanto mais o mundo avançava para a guerra, o ambiente que rodeava os emigrantes japoneses se tornava cada vez mais difícil. Em 1939 torna-se obrigatório o porte do registro de estrangeiros e do documento de identidade. Em agosto de 1941 é proibida a publicação de jornal em língua japonesa e para os emigrantes que não sabiam ler português, o acesso à informação torna-se muito limitada. Além disso, o governo brasileiro emitiu uma ordem de controle das nacionalidades dos países do Eixo (Japão, Itália e Alemanha), proibindo a distribuição de textos nas suas respectivas línguas, conversar em locais públicos em suas línguas, discutir a situação mundial, reuniões nas residências privadas e restringindo até a liberdade de locomoção. Em março de 1942, os bens das nacionalidades dos países do Eixo foram congelados.
Confinamento e evacuação forçada
Com o início da guerra entre o Japão e os EUA, diversos boatos e propagandas maliciosas foram espalhadas, apenas piorando a impressão que os brasileiros tinham em relação aos japoneses. Os brasileiros reagiram de forma violenta e ocorreram incidentes como ataques e saques dos estabelecimentos comerciais dos japoneses por todo o país. Em Campo Grande, a loja do casal Koki e Kame OSHIRO foi incendiado, perdendo todos os bens em uma única noite.
E os japoneses residentes no bairro japonês da cidade de São Paulo e na cidade de Santos foram compelidos a evacuar. No dia 8 de julho de 1943, foi realizada a evacuação, em menos de 24 horas, das nacionalidades dos países do Eixo que residiam num raio de 50 km do litoral paulista. Os japoneses que foram obrigados a evacuar não tiveram tempo de se desfazerem dos seus bens, perdendo suas residências, foram juntados temporariamente na Hospedaria do Imigrante do Estado de São Paulo e forçados a se mudarem para o interior paulista. Na época, o Consulado do Japão em Santos havia sido fechado e a situação era tal que não havia quem os protegesse, com senhoras grávidas e crianças pequenas. A cidade de Santos era local onde se concentravam okinawanos, sendo que mais de 3.500 pessoas, 450 famílias, foram despejadas a força. No Brasil não houve casos de serem levados aos campos de concentração dos EUA como no Peru, mas os emigrantes okinawanos sofreram grandes danos materiais.
19. O caos da comunidade japonesa do pós-guerra
Vitoristas (KACHIGUMI)
Em 14 de agosto de 1945, foi possível ouvir a transmissão do Japão aceitar os termos da Declaração de Potsdam, mas para muitos emigrantes japoneses não foi transmitida com precisão. A Shindō Renmei, uma sociedade secreta de nacionalismo fanático, substituiu a "rendição incondicional do Japão" por "rendição incondicional das Nações Unidas", espalhando que a derrota era um boato e que na verdade era o Japão que havia vencido. Esse discurso se espalhou rapidamente entre os japoneses e foi abraçada por muitas pessoas que se recusavam a aceitar a derrota. Estas pessoas foram chamadas de KACHIGUMI, vitoristas, os que acreditavam na vitória do Japão, e dizem que cerca de 90% dos okinawanos apoiavam os vitoristas. Porém, as pessoas que acreditaram na vitória japonesa não estavam restritas apenas no Brasil, mas também entre os japoneses residentes no Havaí, Peru e outras regiões, além de soldados e oficiais japoneses detidos no exterior como prisioneiros de guerra
Derrotistas (MAKEGUMI)
Os vitoristas que eram a grande maioria nas comunidades okinawanas do Brasil atacavam as pessoas que reconheciam a derrota (os derrotistas) nominalmente, isolando e os expulsando das comunidades. Apesar disso, havia pessoas que souberam compreender com precisão os novos tempos e não sucumbindo, tentaram ajudar Okinawa, sua terra natal, que foi reduzida a cinzas na batalha terrestre.
Os voluntários Sukenari ONAGA, Naokatsu UEHARA, Midori NAKAMA criam a ZAIHAKU OKINAWA KYUEN RENMEI (União de Auxílio a Okinawa do Brasil, posteriormente renomeada como Comitê Brasileiro de Auxílio às Vítimas da Guerra em Okinawa) e divulgam o seu prospecto no jornal em abril de 1947. A União de Auxílio a Okinawa publicava mensalmente o informe do grupo, no qual informava sobre a campanha para angariar fundos e a situação de Okinawa, sendo enviados às comunidades okinawanas fazendo apelo para que ajudassem com a campanha. E Sukenari ONAGA, que publicava um jornal em língua japonesa antes da guerra, publicou o SHUSENGO NO OKINAWA JIJO (Situação de Okinawa após a guerra) de forma particular, informando os okinawanos do Brasil. Dizem que os fundos e os produtos arrecadados foram enviados a Okinawa como Suprimento LARA, através das Agências licenciadas para alívio na Ásia (LARA). No entanto, os vitoristas não colaboraram, publicando propagandas contra o movimento de ajuda.



